Saudade de Brasília
Foi neste vasto verde
Quase quadriculado
Que me dei a mim
A sua saudade
Morros ondulantes
Cercam minha alma
E o silêncio do pasto
Fiz por merecer
Curvas serenas, montanhas
E a nostalgia que atravessa
Os dias que alcançam a calma
Que me faz estremecer
Cavalos, curral, lenha
Mel, bolo, sol,
ordenha, leite, vasilhas
e a paz que tenho com você
mas no peito se agita
uma égua desvairada
que prefere a seca e o cerrado
a W3, a L2 e a Esplanada
Brasília, quem diria,
Agora me causa banzo
De um imenso quase beijo
De um dilacerado desejo
De um coração espantado
Com suas ruas, suas retas,
Seus ipês, seus flamboyants,
Seu trânsito – seu lado fatal –
E as pontas da Catedral
Que apontam pra suas manhãs.
Autora: Ana Maria Lopes
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